Desfazer o equívoco #1 em três passos:

 


"1. A qualidade da educação não é exclusivamente medida por indicadores quantitativos de sucesso que assentam quase em exclusivo nos resultados (classificações) escolares. O conceito de qualidade da educação é atualmente mais complexo e plural, de perfil humanista, que acolhe outras dimensões, nem sempre mensuráveis, como o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comunidade e aprender a ser. Aprender a ser para pertencer. Assim, o conceito de sucesso precisa de ser redefinido, local e globalmente, pois não se trata, apenas, de almejar sucesso académico, mas também sucesso nas variadas áreas de competência sistematizadas pelo Perfil dos alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. É preciso não esquecer que dados relativamente recentes dão conta de que os alunos portugueses são dos mais ansiosos com as exigências escolares do conjunto dos países estudados no PISA (OCDE, 2017).

2. A noção de qualidade educativa não deixa escapar a diversidade e a complexidade como fatores a ter em conta ao definir o que se pretende que os alunos aprendam nas escolas e como se pretende que eles aprendam. Considera-se, então, o princípio da inclusão como garantia de adaptabilidade e de estabilidade que tem como objetivo valorizar o saber, sem que, para tal, abandone uma referência comum de rigor e atenção às diferenças. Ou seja, uma educação de qualidade considera as diferenças/especificidades e programa a sua atuação a partir delas, constrói-se em contexto.

3. A medida de qualidade educativa assenta no desenvolvimento holístico dos alunos, privilegiando dispositivos e práticas que primam pela exigência, diversidade, equidade e democracia, valores que, em conjunto, concorrem para as competências ventiladas pelo Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Para mais, garantir o acesso à aprendizagem e à participação dos alunos requer a gestão flexível do currículo e do trabalho conjunto dos professores e educadores sobre o currículo e orientações curriculares, permitindo explorar temas diferenciados e aumentar oportunidades para todos os alunos atingirem o seu máximo potencial, garantindo, assim, o acesso ao currículo e às aprendizagens essenciais. (...)


(…) O que fazer, então, para alinhar os vários processos em curso? Algumas pistas

Em primeiro lugar, as lideranças escolares têm de se posicionar muito claramente contra qualquer tipo de programação ideológica, esclarecendo muito bem o que se pretende com a educação inclusiva, desconstruindo equívocos e falsos argumentos.

As propostas de ações de formação aos docentes devem contemplar não só os objetivos pretendidos, mas, e principalmente, os obstáculos, desafios, inquietações e perplexidades que esses objetivos geram, pois, como sublinhámos, a questão não são os programas e princípios, mas sim os processos de operacionalização.

Por fim, dar particular importância à monitorização dos processos educativos: sem uma aferição séria de impactos e resultados, para lá de métricas aplicadas como rotina burocrática, reproduzir-se-ão práticas ineficazes, nuns casos, e cairão no esquecimento estratégias e práticas que atingem os propósitos, noutras situações."

retirado de "Módulo 1: Gestão da Educação Inclusiva"

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